Thursday, July 27, 2006

Pessoas

Sensações invadem o meu ser, num acto de conforto permanente, onde sinto a magia de uma névoa submersa que permanece sobre mim como um escudo de topo, um secreto protector, que por vezes me humedece com lágrimas dos seus olhos... Nessa sensação permanente escondo a serena certeza da ilusão que brilha e floresco acreditando na beleza do dia que vivo aqui e ali, entre locais diferentes e pessoas, pessoas.... a cidade é coberta por gente, muita gente que por ela anda e não se fala, muita gente que por ela se diz passar e não se olha, muita muita gente que não vive em harmonia com outra tanta gente mais... É assim a cidade! Na aldeia todos se conhecem, todos penetram por demais da vida dos demais... Conhece o exterior dos seres, fala como que impondo uma barreira de ilusão que se desfaz ao primeiro confronto ou passo incerto, são assim as pessoas da aldeia... pensam que conhecem os que nela vivem, mas deles apenas conhecem uma capa superficial... o interior é apenas a ilusão da mente... por vezes fantástico, outras doente... depende em tudo da visão do exterior, da necessidade de criar uma história com sentido, com bons e maus, heróis e heroínas, vencedores e vencidos, duma batalha sem harmonia... mas com silêncios vários, com vazios que são cheios do que nos preenche a vida... sensações continuam a escolher o meu espirito oculto, sensações agitam a minha atmosfera serena e me fazem olhar pessoas, contemplar os seus passos,... na aldeia, na cidade... pessoas...
Em qualquer lugar para conhecermos aqueles que passam por nós dia a dia é preciso parar e aprender a escutar, saber eliminar o preconceito, a imagem definida por quaisquer traços.... É preciso desacelerar, mas não parar ou travar fundo... lentamente as pessoas se revelam... lentamente os olhos que estão à nossa frente transmitem quem és tu!

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Aprecio muito a forma como descreves as coisas, como as vês,
como as sentes. Remonto então àquela ideia de desejar ver o mundo pelo
olhar dos outros. Olhar para algo que o outro vê como belo e conseguir
ver o belo ali também. A literatura é uma das formas de tornar isso
possível. Pois nao estando perante as coisas de uma forma visual,
vamos sentido, ao longo das leituras, as coisas da forma que, neste
caso, tu as sentes. E nesse ascpecto acho os teus textos bastante
convincentes no que toca aos sentidos.
No texto concreto "Pessoas" é engraçado avaliar os dois
pontos de vista, analisados sob um mesmo ponto de vista, que é o da
exaltação do ridiculo, deixando uma leve dúvida da tua preferencia,
entre o campo e a cidade. Deixas no entanto em aberto o meio-termo,
como se o conhecesses e nao quisesses dizer.
Não sei se era tua intenção, mas o que leio nas entrelinhas é
que se trata de uma batalha travada entre pessoas. O objectivo da
batalha consiste em conhecer e "des"conhecer (<-- se é que esta
palavra existe) pessoas, aprender ou desaprender a arte de comunicar.
E no meio dessa batalha entras tu, ciente das regras do jogo, poderado
nas atitudes, abrindo as pessoas aos poucos, como cebolas, eleminando
as cascas superiores para examinar, conhecer e aprender as interiores,
até que encontras o eu da outra pessoa.

5:55 pm  

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