Voando sobre Nós...
Levantei os pés do chão e começei a voar... Voei alto num céu sem fundo, num dia que dizia adeus ao tempo, numa atmosfera húmida que me resgauradava da densa pressão que frente me assistia... e voava, voava... por entre pássaros de chuva eu transitava, sem contudo ver o limite do céu azul.... apenas azul, azul... Azul era o caminho que percorria, sem sentido, sem objectivo... Apenas resolvi ser pássaro por um dia, ultrapassar os limites do razoável, percorrer um caminho qualquer, entre passos suaves, com a energia do corpo focada nas asas que não tinha, apenas massificada em braços gordos, redondos, em pernas compridas e duras.... mas voava... lá em cima assistia complexamente ao universo pequeno daqueles que caminham no centro da Terra... Tão pequenos como uma mancha que nem se vê, tão inseguros como uma planta que se rompe num movimento simples, tão impotentes como uma formiga que atravessa o nosso secreto alimento doce, salgado, azedo... No voo alcançei uma sombra, uma nuvém que curzou o sol e me atravessou... senti-me arrepiado, perdi o norte, e de reprente não mais consegui ver nada... a nuvém cobria-me os olhos, o corpo, numa pressão que quase me fulminava como um triturador de cozinha... Adormeci... Acordei... Estava num verde jardim húmido... A água escorria, as gotas alimentavam agora o meu âmago, e eu era a mosca humana que outrora avistava do céu profundo azul...
Na vida ocupamos tempo demais com o pensamento materialista, com o querer voar alto e rápido sem sequer olharmos para as pequenas coisas que nos alimentam e nos acompanham de perto... A harmonia com uma natureza impotente raramente existe! Apenas existe a vontade de querer sentir o poder da raça, o manifesto de derrotar o outro, aquilo que nos atormenta, aquilo que nos diz olá ou nos atropela o caminho... Queremos ser heróis sobre os mais inopotentes mas esquecemo-nos que nós mesmos, humanos, somos moscas perante o mundo, micróbios celestes... Mais..., esquecemo-nos que somos vencidos por bactérias e vírus de dimensões microscópicas... Onde está a nossa razão? Porque se terá tornado o ser Humano tão pobre de espírito, tão sem sentido? Por onde caminhar ? Para onde seguir? ...
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