Monday, October 02, 2006

Por um Viver em Comunhão....


Taizé, originally uploaded by portuguesethinker.

"Sozinho não podes fazer muita coisa em favor do outro."

Ainda que sozinho encontres o poder da oração, ainda que nesse silêncio escutes o teu interior, também sozinho encontras a solidão, a amargura, um fechar que não abraça nem encontra, mas apenas invoca ao desespero e à fustração, à irritabilidade e sensação de vazio infinitamente imensurável.

"Mas em comunidade [...] abre-se aquela passagem que conduz da aridez até à criação em comum."

Em comunidade consagra-se um olhar de magia perante o outro, um encontro de sentidos, um abraço de motivos que em si são fermento da emoção, da sensibilidade e da ternura que os olhos nos fazem ver, um sorriso que nos transporta para dentro, num caminho de paz que se exterioriza a cada instante momento, na expressão do ser enquanto ser.

"E quando uma comunidade é fermento de reconciliação nesta comunhão [...], o impossível torna-se possível."

A impossibilidade de transportar o outro que vive num mundo escuro e sem linhas de condão, surge nesse momento, onde em comunhão um ser forte abraça um ser desprotegido e o leva consigo até ao patamar da compaixão, até ao universo da bondade, um começar de novo que se ergue no conjunto, uma energia que se sente em profundo.

Não sou mais que eu mesmo, nem menos que a minha pessoa! Tocaram-me as palavras, expus as minhas reflexões em cada uma das três frases componentes desta oração/ pensamento proferidas pelo Irmão Roger. São palavras simples, com uma
profundidade indescritível, e uma sensibilidade que nos eleva no saciar de uma necessidade comum, a paz no coração na comunhão dos seres. Mas se retirarmos algumas palavras aos seus pensamentos, se desligarmos a ligação da doutrina, como fiz com os espaços entre [...] verifica-se que mesmo assim o pensamento não morre mas se eleva, transporta-nos para uma dimensão tanto maior, um olhar mais abragente que justifica a necessidade da comunhão no mundo e dos povos.

Palavras em itálico retiradas de uma oração do Irmão Roger, transcritas no blog http://ideias-e-ideais.blogspot.com/

Estas palavras fizeram parte de um comentário que fiz no blog referido e das quais, não me sentindo indiferente, senti a necessidade de transpor aqui no meu nicho de pensamentos. Com este post segue endereçado um agradecimento especial á Tânia por mas dar a conhecer , e por através delas me permitir a construção de um pensamento.

Labels: , , , ,

17 Comments:

Blogger Nidaba said...

Somos como o fio de ouro com os seus pequenos elos,só juntos o somos. Cada um sozinho são apenas pequenos fragmentos. Talvez como as peças dos legos, cada um ...apenas uma peça perdida, juntos grandes construçoes. Juntos podemos construir um mundo de sonho, sozinhos vivemos os nossos pequenos infernos egoistas. Todos temos momentos em que gostamos de estar sozinhos ms jamais suportaremos ser sós!

9:15 pm  
Anonymous Anonymous said...

Busco harmonia há minha volta como pão para a boca. Cooperar para e com o bem estar dos que estão próximos é a fórmula que me permite alcançar alguma paz interior. Mas foram experiências de voluntariado e o privilegio que tenho, há já seis anos de poder trasmitir palavras de amor a pequenos cidadãos do mundo, que me fizeram elevar o sentir a um nível que nunca tinha atingido. Quero senti-lo sempre, porque a paz interior que um sorriso provoca, o obrigada no olhar de alguém que percebeu que foi ouvido e compreendido, o facto das crianças retribuirem o que lhes dou em palavras com actos na sua vida, viciam a alma. Dizia-me um professor de faculdade, fisiologista brilhante, que o altruismo é forma última de egoismo. Citou Madre Teresa de Calcuta para exemplificar um ser numa busca constante por neuroquimicos. É possivel que assim seja. Mas não deixa de ser fascinante como a Natureza está tão bem construida para nos fazer sentir bem por vivermos em comunidade e para a comunidade, e não deixa de ser inquientante a forma como nós,a toda a hora, contrariamos esse equilibrio natural.

2:06 am  
Blogger Manuel said...

Será que estamos dispostos a abdicar do nosso egoismo primário e viver em comunhão? Não creio...não creio, não por não partilhar o sentimento, mas não creio porque vivemos demasiadamente obcecados com a materialidade das coisas, com o possuir, com a imagem que se vai desgastando com o tempo e que lutamos contra isso...acho que não somos o suficientemente perfeitos para poder viver em comunhão. Talvez num mundo que só existe nos sonhos poderemos viver em comunhão.

12:17 pm  
Blogger Manuel said...

Relativamente ao contrário da Gisela, concordo em absoluto com a questão do altruismo ser uma forma de egoismo. Discordo quando se refere a Madre Teresa de Calcuta, talvez ela e João Paulo II, tenham tido um propósito na vida - para quém acredita que vimos "cá" por algum motivo...

12:32 pm  
Anonymous Anonymous said...

Acertaste no meu tema de tese... por muita experiencia pessoal em contrario, tambem acho a opiniao da gisela um pouquinho poetica demais.

6:10 pm  
Anonymous Anonymous said...

Aenima
Não se trata de uma opinião, mas do relato de experiências. Pequenos céus que vou vivendo na interacção com o próximo e que quis partilhar. Não digo que tudo sejam rosas. O mundo não é acéptico, nem eu sou naif. Sou apenas sensivel a pequenos retornos e faço deles alimento da razão de existir.
Saber, por pequenos sinais, que exite de facto alguma razão contribui para alguma paz interior. Já a tinha procurado fechada em mim através da oração, mas agora sei onde a posso encontrar de facto.

1:10 am  
Blogger Unknown said...

Viver em comunidade...
E um pensamento bonito e poético certamente... Mas acho que não estamos preparados para ter esse tipo de vivência... não, enquanto os valores de poucos, se tornarem o de muitos, ai sim... mas isto ainda é e será um sonho muito distante, e dependerá do entender de cada um o que é viver em comunidade, …
Criado, numa aldeia onde todos se ajudavam. Onde se dava os bons dias, a quem passava, até nesses pequenos espaços esses valores se vão perdendo! As pessoas encontram-se cada vez mais fechadas para quem os rodeia refugiando-se em núcleos fechados e restritos, assusta-me no lugar onde vivo agora, se cumprimentar alguém ou sou olhado de lado ou simplesmente ignorado… sei que o quadro também não é assim tão negro, mas de cor-de-rosa não o consigo pintar…
Acho que nesta sociedade de consumo, cada vez mais, estamo-nos a afastar da utopia de viver em comunidade…
Mas isto e simplesmente o que eu penso….

11:51 am  
Blogger AEnima said...

Oh gisela eu sei, eu sei... eu nao consigo evitar ser assim tambem, mas depois apanho tanta pancada... Ja nem sei o que pensar.

btw, na minha tese tb se sugere que o altruismo existe e eh peca fundamental para o crescimento populacional (pais mais altruistas tem mais filhos)

7:53 pm  
Blogger Estranha pessoa esta said...

Por uma comunhão de viveres.......

4:45 am  
Blogger Alvaro Gonçalves Correia de Lemos said...

Oi meu amigo,

Adorei este teu post, é muito espiritual e directo ao coração e à alma de quem o lê, de quem o sente.
Obrigado mais uma vez por partilhares tão fortes emoções e sentimentos connosco, e neste caso comigo.
Aproveito para te desejar um lindo fim de semana e uma semana cheia de luz em teu coração.
Xi - corações mil.

3:52 pm  
Blogger Luís said...

A comunidade de Taizé é, sem dúvida, um exemplo de que o espírito de comunidade ainda existe. Apesar da insistência dos spots publicitários, da moda, da aparência, do sucesso, dos cargos de topo nas multinacionais, ainda existem por aí pessoas que não se vendem. Estão no mundo mas não são do mundo. Elas existem. E nem o som das gargalhadas frívolas ou da televisão com o seu volume no máximo as pode calar. Porque elas existem.

11:13 am  
Blogger Pé de Salsa said...

Olá Thinker,

Não sei o que se passa que tem sido difícil "entrar" em alguns blogs e em especial no teu. Problemas com programas ou "armadilhas" de quem sabe muito (o não é o meu caso).

Relativamente a este assunto...
...que bom seria vivermos assim, em paz e em comunidade, buscando sempre a felicidade. Só que a maioria de nós, em que me incluo, preferimos a comodidade.

Interessante este teu tema em que, indirectamente, falas em "felicidade" e "egoísmo". São opções, mas a maioria é efectivamente egoísta!

Um abraço.

5:30 pm  
Anonymous Anonymous said...

Aparentemente paradoxal, a verdade é que, por momentos, a utopia até é possível.

8:26 pm  
Blogger MSP said...

Solidão e união que nos faz chegar à plenitude... conheço bem o que isto é. Estar numa comunidade é ter capacidade de partilhar vidas, palavras, mas sobretudo silêncios. Respeitosos e venerantes, livres e aventureiros, em que espíritos se movem sem barreiras por onde querem. Há um especial brilho no céu quando, sem prévio aviso, todos se destinam ao mesmo fim. De muitos fazem-se um, unem-se, e se um se magoa todos sofrem, se outro se alegra todos rejubilam.
No entanto, estou só. É este o pensamento que nos faz sofrer, e mais quando sabemos o que é não se sentir desse modo.
Gosto muito do teu blog. Faz-me lembrar muita coisa...
Abraço e parabéns

1:28 pm  
Blogger Os olhos da alma... said...

És absolutamnente,divino ao escrever...leio-te todos os dias.
Mas tu não escreves tu vives...o que é melhor ainda.
Este texto,tem tudo menos utopia...tem realidade,essa que muitos não querem ver porque custa...dar.é mais fácil receber.
I'm with you!
ABRAÇO.

5:12 pm  
Blogger Natureza said...

Eu não tenho nada contra de religiões, eu adoro as culturas de religiões mas eu sou ateu, na verdade eu ja fiz batismo e primeiro comunhão mas cresci e entendi que não é necessário. Eu quis ser budista e uma amiga minha achou que eu sou druidismo pois eu amo a Natureza.
P.S. Obrigado pelo visitar os meus blogs.

5:28 pm  
Anonymous Anonymous said...

Um dia viví em comunidade e fui feliz, num mundo de humildade, sentimentos puros.. hoje luto para ser feliz neste consumo que nos consome..

Pura

8:49 pm  

Post a Comment

<< Home