Caminhando de Pés Descalços...
Fechei a porta! Desci as escadas. Estava agora na rua. Ar frio, vento forte ofereciam-me um diferente despertar matinal! Atravessei a rua de pés descalços..., queria caminhar ao vento sentido aquele fresco alento, umas vezes frio, mesmo gelado.... um estalar de ossos, um arrepiar de espinha... mas era bom, muito bom... o primeiro de tantos e tantos outros... quentes,... No olhar citadino percebia que o vento desencorajava grandes desafios para aquele dia..., mas eu sabia que o meu estaria preenchido com algo mais que um vaguear ligeiro. Os desafios do tempo emprestam-me sensações, profundo alimento interior ... são momentos de construção profunda, por vezes pura e intensa, outras há que insípida e cutânea... flácida... olhei e senti o desafio das horas perante aquele olhar citadino... o que fazer perante um dia assim, que nos surpreende... que nos rouba aquela areia de sol, aquela água baia... o que fazer? Eu sabia o que fazer...! O meu fazer estava sem definição, sem plano, sem direcção... apenas estava confidente ao tempo que escorria na minha pele macia... e eu caminhei nesse horizonte... segui pela baia até ao monte... de pés descalços segui profundo aquele caminho manso,... de pés descalços senti a areia, húmida, áspera, castanha, cinzenta, branca... penetrar os dedos dos pés... mas apenas me lembrava daquele olhar citadino do tempo frio, gelado, que fez abandonar os planos de tantos seres... que fez entristecer, que fez aborrecer, dramatizar, envelhecer, morrer a vontade do desafio..., penso que realmente esta teria outrora morrido dentro de cada um deles..., o desespero, a falta de opções, a sintomática do drama da vida vazia ou cheia de tudo e nada que enche, preenche, consome e se some no dia a dia, na noite fria, no por do sol, na matinal manhã fria... esta na qual eu agora corria,... sentindo o fresco ar, a liberdade... sem limites, sem ansiedade, sem medo, com vontade.... seguindo... aquele monte... aquele horizonte fresco, suave, macio, doce, corrente... de repente uma folha castanha faz-me parar ao invadir os dedos dos pés...era um significado escondido naquele caminhar ligeiro...com pés descalços, descalços... O verão tinha acabado, agora apenas existia Outono!...
19 Comments:
É bom sentir os pés na areia. Não sentir mais nada, apenas os pés na areia e apercebermo-nos de que isso é bom. Muito bom. Bastarmo-nos a isso para que tudo esteja bem. Por vezes tento concentrar-me nas pequenas coisas mas nem sempre é possível. A cidade envolve-me num rodopio permanente de agitação incontrolável. Deixamo-nos levar pelas grandes coisas sem importância. Deixamo-nos inexistir pelo cansaço. E quando damos por nós perdemos a beleza de uma simples passagem de estação. E aí apercebemo-nos de que não estamos efectivamente a viver. Diria que precisamos de um "awake". Velar sobre a nossa vida. Velar sobre nós, sobre o nosso corpo e acordar.
Os pés descalços, o sentir da liberdade ...e todas as outras sensações do momento.
Um espectaculo, este teu texto:))*
Maravilha.....nem imaginas com que sorriso e leveza li teu texto, vim , li e gostei; voltarei se assim o permitires, rss
Boa semana!
É bom caminhar. Com destino. Sem destino. Sobre a areia da praia ou sobre o cimento da cidade. É bom caminhar. Beijado pelo sol ou fustigado pela chuva. Suando com calor ou tremendo de frio. É bom caminhar.
Mais um excelente texto. Eu dou 6 estrelas ******
Procurei nesta minha escrita deixar passar através de uma harmonia de palavras sentidas o ênfase de que o que se vive perante mudanças sintomáticas, momentaneas, repentinas provoca nas pessoas em geral "no olhar citadino"... Isto porque as pessoas nunca estão preparadas para uma mudança, nunca abrigam dentro delas opções.. são auto-geridas, comandadas por um sistema, por uma rotina... é esta a minha visão da minha própria escrita... Neste caso foi o tempo que supreendeu aquele dia, foi o tempo que alterou a disposição dos seres sem opções... eu escolhi seguir um caminho leve, despreocupado... as pessoas em geral... perderam o norte, desorientaram-se perante o desafio do que fazer no primeiro dia de outono... a praia tinha terminado...
:)
Obrigado pelas palavras entretanto trasmitidas....
Pedro profundidade sentida... que se enche e se preenche com essa leveza do corpo e da alma num caminhar despreocupado... sem destino...
Obrigado pelas tuas palavras, abracão :)
Sem comentários obrigado obrigado pelas palavras de carinho :)
Beatriz obrigado por cruzares esta minha casinha...ainda bem que gostaste :) Espero por ti mais vezes e prometo visitar-te em breve na tua :)
Luis obrigado pelas tuas palavras especiais, é bom sentir que elas te fizeram fluir por esse caminhar sem destino... *****
Bom regresso amigo :)
Lindo texto que nos conta a história de um momento que muitos de nós sentimos mas que ao contrário de ti, não conseguimos exprimir.
Gostei demais.
Boa semana.
A sensação dos pés descalços no chão, é mais uma daquelas coisas simples que nos esquecemos e que nos dão um prazer infidavel:)Mais uma vez a felicidade retirada em pequenas coisas!
Beijinhos
Cris
Um texto de mestre na expressão de sensações.
Um beijinho.
obrigado pé de salsa pelas tuas palavras... ás vezes é preciso encontrar uma paz interior para conseguir sentir, viver, vibrar com as emoções... Sinto que todos podemos ser capazesde expor os sentimentos, com reflexão e trabalho interior... :)
Cristina, és uma querida... ainda bem que gostaste, beijos grandes *****
Maria obrigado pelas tuas palavras bonitas... O mestre reside em cada um de nós... basta acrediarmos e sabermos encontrar-nos em tranquilidade e absoluta transparência... deixas os sentimentos fluir... fluir.... as sensações se libertarem... :)
beijos *****
Depois do teu comentário, o qual agradeço, aproveitei para dar uma saltada ao teu blog, gostei do que li e as imagens valem mais que mil palavras. Também amo Lisboa.
Beijos
O verão ainda não acabou...e os pés descalços...continuam a pisar o "terreno" árido do deserto...na procura do «arco-íres»...*****
Gostei da mensagem porque há dentro dela pessoas...
Abraço
Obrigado pela rápida visita...
Um abraço
Paulo
Ana Prado, muito obrigado pelas palavras de incentivo...:) os pensamentos escorrem como o vento,por momentos fortes outros suaves... outros nem se sentem... mas estão lá latentes...:) beijinho!
Cadi não basta dizer as coisas, por vezes é preciso deixá-las nas entrelinhas,como uma mensagem de desafio ao leitor... por vezes surgem outras interpretações curiosas, interessantes, caricatas... nem o escritor se tinha lembrado delas... são assim que se exploram os desafios da mente...Obrigado pelas palavras de desafio que me ofereces! Abraço :)
Dreams, obrigado por apareceres aqui na minha casinha :) ... Neste texto a passagem do Verão para Outono tem apenas a conotação da mudança... da mudança do tempo, das sensações que oferece aquele que sai de casa com um destino marcado, aquele que fica sem saber o que fazer façe à rotina que se tornou a sua vida... é bom quando ainda sonhamos e podemos acreditar que é possível transformar os sonhos em sonhos vivos :) apareçe mais vezes!
Marta obrigado pelas tuas palavras sobre a "nossa" Lisboa.... Volta sempre :)
Paulo obrigado por apareceres por aqui e deixar a menssagem das "pessoas"... Mas, o que seria do pensamento na ausência das pessoas? As pessoas estão sempre presentes... são elas que vêem, que sentem, que escutam, que cheiram.. são elas que conhecem os desafios da vida.... ou não?!... Vivemos rodeados de pessoas... passamos todos os dias por pessoas, e... no entanto... o que dizemos a essas pessoas? o que nos dizem essas pessoas? vivemos como estranhos com barreiras humanas... mas continuamos a ser, pessoas! :)
Catarina, grande amiga, adoro ver-te por aqui, por ali...algures... sentir-te acordada, mesmo sabendo da distância que nos separa, do vento e do tempo que escorre por ai.... afinal, a distância não significa nada se os sentimentos já se formaram... Beijos grandes das mesmas saudades :) *****
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