Sunday, March 18, 2007

Cidade Nua

ruas vazias
Cidade nua...
despida de vida,
lavada no vento
corre o tempo
a cada momento

ruas vazias
cidade nua...
despida, lavada
...no preconceito
brisa que escorre
suave
ligeira
encalhada
envolta
em silêncios arrependidos
em espaços perdidos

ruas vazias
cidade nua...
despida de gente
encruzilhas,
desafios,
em luzes envolta,
revolta,
secreta,
discreta

ruas vazias
cidade nua...
despida sem vida,
cidade nua...
vazia, perdida
cidade nua...
sem gente vencida!

Tuesday, March 06, 2007

Solidão


Brecon Mountain, Wales, originally uploaded by portuguesethinker.

Espalham memórias do tempo vividas esses olhos de rugas carregadas, de tormentas sentidas, de ventos que passam... correu a vida, foi-se embora a esperança! O medo já não existe! A dor....essa é vassala dos dias... já não sei o que é viver sem ela.... não consigo esconder as lágrimas, os olhos transpiram saudades e amargura expressas neste vazio que me consome, neste espaço que é a vida mas na qual já não reconheço qualquer sentido, qualquer missão encalhada... sinto as veias a ceder neste quente calor eterno que de dentro minh' alma um dia respirou.... Mudam-se tempos, mudam-se vontades.... outro dia queria viver, saltar a cerca da pradaria, alegre, feliz.... não conhecendo a diferença entre noite e dia seguia, seguia até ser dia.... sentia o brilho secreto transportado, incerto, em cada instrumento razão desse sonho de amar, amar, e amar cada pedaço de céu.... Hoje vivo a solidão apodrecida, já ninguém se lembra de mim.... Hoje vivo as memórias que lágrimas espalho no vento... E tu meu Senhor, onde estas, tu que és minha esperança de fé, meu rosário de orações.... não me abandones aqui perdida neste mar do norte em sensações desagradas,.... Senhor tem compaixão por mim,...Dá-me a paz... E as gotas de chuva cristalina escorriam naquele olhar tão doce que a vida abandonou....

Este é um olhar sobre todos aqueles que velhos nos acompanham, é um olhar para nunca os deixarmos sós, sós em esperança, sós em alegria e emoções, sós em carinho, em presença... Um dia seremos também assim e não quereremos decerto viver a solidão à espera da morte certa... Um sorriso pode mover mil corações, deixemos a noss’alma encher os corações de emoções guardadas de cada um dos idosos que nos acompanham esta caminhada....

Caia...


Brecon Mountains, originally uploaded by portuguesethinker.

Caia a última folha que preenchia serena a copa daquela árvore despida pelo vento e pelo frio que o Inverno deixava acontecer... Caia húmida a madrugada levada por gotas de orvalho inconsistente, por sôfregos mantos de gelo que se permitiam em camadas que de finas se tornariam rapidamente espessas... Caia no olhar a lua intransmissível completa de uma natureza pura, secreta, adormecida... Caia por ela transparente, cheia, completa, em apoteose brilhante de mil cores escondidas atrás daquele escuro desafio... Em caminhares conducentes sentia as pernas desafiarem aquele todo indescritível sentido selvagem que ao sabor de suaves passos andantes se deixava aperceber... E caia, caia como o rastejar estonteante de uma serpente que se deixa seguir rápida, alucinantemente, eram águas em queda livre, que jorravam esperanças de milénios de natureza livre, pura e casta, expressas em cascatas naturais..., algumas escondidas , outras reveladas permitiam o receber de um manifesto no longínquo vibrar de olhos que brilham perante o seu idóneo e cristalino secreto correr..., como uma chuva de massacre que se irrompe através de um céu negro de tempestade.... E caia, caia, sem mais nem ver, início ou fim, daquele manto que apenas desafiava o salto de garimpe que seguro, sem medos, a coragem na ordem da palavra fazia conduzir o caminhante....caiam agora instrumentos que daquele espaço jorravam histórias de um tempo que nas memórias passadas habitavam as estradas longínquas de outros tempos levados para longe...., o seu ali existir perante um concentrar que nos mantras alimentou seu confiante viver, seu ser, sua esperança inquieta, adormecida, caida...