Friday, September 29, 2006

Olhares que se cruzam, Olhares que se afastam


Odeceixe, originally uploaded by portuguesethinker.

Mais um dia! Agora nada mais seria como antes! Tudo mudava naquela manhã, tudo se afastava de um passado sem marcas para se fixar num lume presente que se impunha ao fundo do céu. Eram soldados desconhecidos que caminhavam num mesmo sentido, eram pessoas que olhavam com vergonha o olhar ingénuo, disntante do outro que teimavam em abraçar, pessoas que caminhavam, davam passos, escutavam..., uma satisfação em si vivida, um pautar inseguro, indefinido, conturbado pelo tempo, registado a cada instante momento... Era assim aquele olhar o desconhecido... Perante o céu em chamas em cada um ardia no seu âmago uma liberdade conquistada, alinhada ao presente, futuro... em cada um, dentro de si se rompia uma excitação, momento de magia... Pessoas, pessoas, pessoas, seriam aquelas pessoas que habitariam o mesmo espaço comum durante pelo menos um ano, um ano que sozinhas se fariam acompanhadas pelos outros, um ano de solidões vencidas, um ano de esperanças interrompidas, um ano de dizeres acertados e errados. Seria um ano! Talvez mais que isso, mas pelo menos um!
Era assim a partir daquele dia. Quebrava'se agora o vazio, as horas de silêncio oco, de desespero de acompanhar a solidão do negro escuro para sentir esse agora calor existente, presente em pessoas, em pessoas resistente..... E ao fundo daquele céu olhares que cruzam, olhares que se afastam... Uma pauta de caminhos, de ondas e lugares....olhares que se cruzam, olhares que se afastam....

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Wednesday, September 27, 2006

Janela do Horizonte


Guincho, Cascais, originally uploaded by portuguesethinker.

Perante o espaço vazio abre-se dentro de cada existência uma janela de nostalgia que nos cerca de melancolia, misticismo e lágrimas. São lágrimas do sentir, lágrimas que não esquecem a dor que a voz recita num verso sinfónico, lágrimas que um coração saborea quando se fixa num passado vazio, ... são lágrimas...! Mas a cada momento sentido nasce dentro dessa nostalgia uma força determinante, que invade cada corrente interna num movimento de renovação, de saudação a esse vazio agora pela melancolia preenchido. São lágrimas que neste agora se revelam como um caminhar resistente, como a verosimel sensação de que viver é paixão e dor. É encontro e desencontro. É um caminhar que não ofusca o viver, mas que para viver por vezes tem também que sobreviver. Um dia dizia "Quando deixas a tua vida ser comandada, dirigida, controlada por alguma coisa, seja ela qual for, deixas de viver. Na realidade a tua vida vida torna-se dependendente, deixa de ter individualidade própria, deixas de ser tu que a vive. Nessa realidade tu apenas sobrevives, apenas existes, mas a tua essência não se revela como tua, mas antes como um sentido desmentido do que tu és, uma vivência comadanda por algo a que te ofereçes". Hoje olhando para estas palavras que nunca me sairão da alma, e deixando os meus olhos cairem sobre esta janela de memórias, sobre as lágrimas que escorrem o desencanto, a agonia de viver a solidão das horas frias, de conhecer o secreto controlo do ser.... a melancolia avassala-me, escuto o murmurar de uma voz que diz: " tu diriges a tua vida pelo sentimento, e escondes nesse sentimento a que te envolves a racionalidade...." Essa voz era a minha própria voz, interna, a voz paradoxalmente consciente de si mesma.... Mas não quero deixar de ser assim, é a minha natureza.... o sentir.... o viver a vida a sentir.... tudo o que passa e fica, tudo o que passa e deixa registo... porque tudo o que passa, de bom e mau, deixa registo, mesmo que insconsciente..... Na janela do horizonte vejo o mar ao fundo, abraçado a um melancolia de nuvens carregadas, na janela do horizonte, veja um rebento escondido, e nele acredito ver a luz que me transmite um reconehcer seguro a energia da âncora que me agarra.... E olho..... olho o caminho nessa direcção que é minha e que por nada dela me quero dissociar...olho pronfundo o sentir da alma... olho....

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Wednesday, September 20, 2006

Zumbido na Madrugada...

A madrugada acendeu-se para mim. Uma busina alucinante acordava o ser que dormia no seu sono mais profundo. Não era gente! Não era gente! Era um zumbido perfurante que caminhava na direcção dos tímpanos com uma rotina circular. Era uma insípida forma de estar, que se manifestava na expressão do escutar. Aquela nocturna existência de sonho, ou pesadelo, acabava ali. Deixava-se matar por um som, por um elemento barulho sem essência, sem sentido, eloquência ou brio vivido. Talvez fosse um acutilante despertar. Talvez se servisse de si mesmo para um sentido libertar. Passaram 5 minutos. 10 minutos. 15 minutos se somaram... e nada... simplesmente nada se dirigia para se alterar... ou talvez tudo se alterasse,... talvez fosse aquele o momento de mudar... servindo-se do ensurdecer para brilhar, para se consagrar num diferente agir, naquele diferente agir, de som vontade se expandir.... O escutar entregara-se, ganhara uma resistência surda, um reticente acordar nocturno, entre raios de sol lachados, se intrepondo naquela janela de vidro... perante uma lamela ocular que se abria,... abria.... Durou 21 minutos aquele rebentar. Não era fogo incêncio, água escorrida, vento serpente! A vida parára no pensamento longínquo na mágoa escondida que se apresentava crescida... O movimento renovado dum ser despertado em surdo zumbido acordado....

Sunday, September 17, 2006

No silêncio da praia caminhando...


Odeceixe., originally uploaded by portuguesethinker.

Escorria como uma tranquilidade desmentida ao acordar daquela manhã... submergindo no horizonte uma melancolia transparente que se alimentava de estados do ser que não se definem nem se concretizam, apenas se deixam absorver no âmago da alma interior... como um palpital selvagem que se derrete, como um respirar inseguro que se consome,.... uma cortina de vidro perante o mundo...! Escorria profundo aquele escutar... uma magia que se deixa permitir... não se aceita nem se desmente... apenas escorre como a água daquele oceano transparente... uma vertigem perante a nebelina que nos esconde do mundo... E escorria em lágrimas fixas numa face húmida e fria aquele escutar singelo e doce... uma voz que arrepia, um oculto prefume de sabores que contagiam o ser mais imperfeito.... as palavras diziam tudo... começar de novo...

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Thursday, September 14, 2006

Ao fundo o miradouro da Graça


Miradouro da Graça, originally uploaded by portuguesethinker.

Secreta vai a noite... Escorrem cinzas daquele passado que se apagou. Agora raiam sorrisos expostos em estrelas vagabundas que se dilaceram num olhar nocturno. Secreta vai a noite... Na miragem das colinas e vales que se emancipam perante o olhar do povo. Lisboa! - aplaude a ventania! luzes cruzadas entre ruelas e janelas deambulantes. Graça haja a quem nos salva com a palavra da desgraça que se ouve nesses espaços destinos. A música encerra um norte desabafo, um sacudido regaço dum fado vadio. No cimo do monte ergue-se forte, de luz branca, límpida secura o matrimónio da oração. Graça Lisboa! Esconde uma lembrança indefinida duma magia fresca, uma harmonia silenciosa de um verão incandescente... É Lisboa, há Graça senhora...

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Eléctrico de Lisboa


Eléctrico de Lisboa, originally uploaded by portuguesethinker.
Era manhã de um dia quente de Agosto. A cidade tinha acordado de mansinho, sentindo o respirar de uma brisa suave que escorria pela colina. Outros montes e vales já passara até naquele local permanecer parado. Atingia naquele instante mais um momento errante, uma secreta nostalgia que se cerca a cada poisar repentino. Pessoas que circulam..., umas entram, outras saiem... circuitos de pessoas que se cruzam... outras ainda permanecem à janela deixando-se sentir aquele ar movido pelo andamento... respirando a frescura dos locais por onde se deixa caminhar... Hoje já não seria o mesmo sentir de outros tempos. Marca-lhe o peso dos anos, carregado de um fado destino que nos faz viajar por uma Lisboa de memórias, por um rosário de amores que se descobrem e se revelam assim, num caminho de ruas estreitas, apertadas, colmatadas... Lisboa de mil amores, secretos, ocultos, discretos... que viajam na brisa do tempo... que seguem aquele eléctrico andante que na cidade se intrepõe...

Tuesday, September 12, 2006

Saudade

Agora olho para trás! Vejo dias dum tempo anterior. Saudades que se desafiaram sem se viver, saudades que se acumularam até ser dia, enquanto outras se resolviam, uma agitação solene de temperamentos e sensações que se escutavam de mansinho, devagar, devagarinho... Ás vezes escutava saudades na tela do céu cinzento, à chuva carregada que inundava as paredes do meu corpo... Agora sinto um arrepio doutras saudades que se consumiram, se renovaram, surgiram..., me densificaram de lembranças, memórias, presenças... São tempos de vida que o coração não esquece, apenas arrefece, aquece.... procura num sentido definido, conquistado, sem abrigo... revelar aquela lembrança, segura, arrojada de confiança, duma qualquer determinação dirigida... Desse tempo, passado pretérito, parece surgir um voo numa direcção sem lugar. Desse espaço conquistado, vivido, desbravado, parece encantar de luzes, astros, pirilampos nocturnos... este agora existir.... são esferas circulares que se enlaçam num hemisfério de saudades, umas que se alimentam por vezes para logo se tornarem maiores, outras que de tão grandes já não tem espaço para se sentirem... apenas se escutam... apenas se dizem presentes...