Friday, August 25, 2006

Pausa

O alimento do ser humano acontece quando este se atreve a caminhar, desafiando novos horizontes, cruzando novas experiencias, renovando energias, incrementando a sua vitalidade... Por agora uma pausa se intrepoe no pensamento partilhado, em breve as partilhas terao um novo olhar, mais profundo, mais consciente... Ate breve! :)

Wednesday, August 23, 2006

De que (lhe) Servia...

Naquele dia nada mais havia a dizer. Tudo tinha ficado corrompido! As palavras trocadas ofereciam uma sensação de total desabrigo, de sonho sem vontade de se realizar. Morria com aquele diálogo qualquer sentimento de ir além, de se levantar de manhã e dizer olá ao dia. Afinal o dia já não era mais que uma escuridão nocturna que nada oferecia... apenas aquela lembrança que escorria rude no vento do ser honesto, sincero, maduro, doce... De que lhe servia isso nesse momento? Agora apenas encontrava aquela recordação de palavras frias, amargas, de paladar azedo, com vontade de expressar um vómito e a seguir reencontrar a esperança do ser quem era,... e dos outros, aqueles outros... saberem quem ele realmente era... de que lhe servia ser assim,... se o mundo à volta não o entendia? Se calhar, talvez, até fosse dele o defeito de culpa, talvez na realidade ele não conseguisse expôr a sua essência pura, o seu ser âmago interior, a conduta simples e desnuda de maldade, dirigida numa complexa personalidade de vida, aquela que define cada um dos seres... Mas essa nínguem poderia trocar, apenas contruir mudanças... lenta, lentamente... Tinham ficado no seu pensamento aquelas palavras, aqueles dizeres que destruiram uma ligação segura, estável, de harmonia... E apenas simples palavras teriam sido expelidas e inundado o seu escutar... E agora de que lhe servia...

Azul...

São Miguel Island, Portugal, August 2004


Escarpas, rochedo, tombado penedo, erudido cascalho de verde manto... abraças branca a espuma num desafio azul, um mar de esperança... são horizontes..., miragem do sonho, realidade escondida, encontro de vidas..., encruzilhadas desnudas, articuladas, perdidas... que se erguem em infinitos planos cruzados, se perdem num longínquo olhar vazio..., se esmagam, se conquistam em rocha, pedra cal dos tempos... são ondas de movimento, sussurros momentos dispersos em fragmentos no vento... são sentidas, servidas, admiradas, escondidas... azul, azul, azulissimo... oceano de luz que alimenta a secura em profundidade oculta... estigma mistério, verdade absoluta...

Sunday, August 20, 2006

Caminhando de Pés Descalços...

Fechei a porta! Desci as escadas. Estava agora na rua. Ar frio, vento forte ofereciam-me um diferente despertar matinal! Atravessei a rua de pés descalços..., queria caminhar ao vento sentido aquele fresco alento, umas vezes frio, mesmo gelado.... um estalar de ossos, um arrepiar de espinha... mas era bom, muito bom... o primeiro de tantos e tantos outros... quentes,... No olhar citadino percebia que o vento desencorajava grandes desafios para aquele dia..., mas eu sabia que o meu estaria preenchido com algo mais que um vaguear ligeiro. Os desafios do tempo emprestam-me sensações, profundo alimento interior ... são momentos de construção profunda, por vezes pura e intensa, outras há que insípida e cutânea... flácida... olhei e senti o desafio das horas perante aquele olhar citadino... o que fazer perante um dia assim, que nos surpreende... que nos rouba aquela areia de sol, aquela água baia... o que fazer? Eu sabia o que fazer...! O meu fazer estava sem definição, sem plano, sem direcção... apenas estava confidente ao tempo que escorria na minha pele macia... e eu caminhei nesse horizonte... segui pela baia até ao monte... de pés descalços segui profundo aquele caminho manso,... de pés descalços senti a areia, húmida, áspera, castanha, cinzenta, branca... penetrar os dedos dos pés... mas apenas me lembrava daquele olhar citadino do tempo frio, gelado, que fez abandonar os planos de tantos seres... que fez entristecer, que fez aborrecer, dramatizar, envelhecer, morrer a vontade do desafio..., penso que realmente esta teria outrora morrido dentro de cada um deles..., o desespero, a falta de opções, a sintomática do drama da vida vazia ou cheia de tudo e nada que enche, preenche, consome e se some no dia a dia, na noite fria, no por do sol, na matinal manhã fria... esta na qual eu agora corria,... sentindo o fresco ar, a liberdade... sem limites, sem ansiedade, sem medo, com vontade.... seguindo... aquele monte... aquele horizonte fresco, suave, macio, doce, corrente... de repente uma folha castanha faz-me parar ao invadir os dedos dos pés...era um significado escondido naquele caminhar ligeiro...com pés descalços, descalços... O verão tinha acabado, agora apenas existia Outono!...

Friday, August 18, 2006

Não, não sei...


Não..., não sei ao certo...
o que faço neste momento concreto...
onde tudo é desdida...
onde tudo em ti é vida...

Hoje..., já não consigo...
mais fugir ..., apenas olhar...
nesse caminho,.... incerto ...
onde eu sei que caminhas...
onde o vento te escorre na face...
onde as lágrimas enchem os olhos...

Não...!, não, não sei...!
Não sei ao certo...
o que faço neste deserto...
onde abraço os dias na solidão...

Não...!, não, não sei...!
o porquê das coisas...
da vida...
desta sinfonia das palavras...
que quero ouvir mas que não ouço...
pois estou tão longe...
tão longe e tão perto,
desse teu sentido profundo...
onde juntos tu e eu,
juntos..., eu e tu, abracámos a vida...
numa floresta perdida...
num mar não sonhado...
em cima de um monte acordado...

onde um dia abraçamos a esperança
do reencontro desse amor...
desse amor que é vida...
vida após vida...
morte, vida..., vida, vida...
um existir dentro um do outro...
um saber viver esse momento,
esse sumo, alento...
que fomos tu e eu,... eu e tu...
apenas nós dois...

Não..., não sei ao certo...
o que faço neste momento concreto...
onde tudo é desdida...
onde tudo em ti é vida...

Wednesday, August 16, 2006

Lá Fora...

lá fora cai a chuva..., aqui vareja o tempo num movimento de incerteza... onde a alma encontra um alto de energia que toca com mestria nos ventos, na ventania..., nesse instante de vontade que acresce o lume da saudade, uma sensação de liberdade, de agitação e magia que faz nascer um sol num verso de poesia... que ao sabor da chuva vai lavando e sacundindo a vergonha, o medo, a interrogação, a incerteza, a dor... dum vazio por preencher... que vai amaciando e aconchegando o território do coração servindo o chá do encantamento, o perfume do tempo...

lá fora agora já não cai a chuva..., apenas escorrem lágrimas na superfície verde das folhas... agora o vazio encontrou o alimento... esse sentimento que cobre de vontade o ser... que alimenta a alma de verdade e sacia a sede numa fonte de nova vida... agora já se respira a pureza dum ar limpo e fresco... já se sente um bater de coração acelerado, completo, emocionado... onde a vida se preenche com essa luz que cintila acesa, na poesia da sinfonia... não se sussurra nem se descreve,... apenas se vive e se liberta.... Amor, Amor...Amor...

Ao Fundo a Magia



Trinity College, Cambridge, United Kingdom, August 2006

Encontrei ao fundo a magia
Uma tranquilidade serena
numa miaragem de fantasia...

Parecia abraçar os antepassados ocultos
num caminhar longuínquo pelos tempos
perante sombras e medos absolutos

Andei por corredores escuros,
percorri uma atmosfera pesada, obscura, negra...
esconderigos não revelados,
momentos não encontrados,
transportando uma energia arrepiante
um frio denso, com vida escondida...
E por eles caminhei e percorri...

E nesse caminhar olhei ao fundo a esperança...
um ponto de luz cintilante, brilhante, de cor...
que me transportava para fora das trevas escuras,
uma corrente de libertação segura,
onde me fixei até sair

Ao fundo a magia!
Doce verde de harmonia,
fragilidade, fantasia, luxúria, claridade...
Agora encontrava mais energia
agitei a alma nessa sinfonia
e nela mergulhei até ser dia....

Tuesday, August 15, 2006

O Poder das Palavras

É impossível ficar indiferente às palavras quando estas ecoam cá dentro... bem profundamente no pensamento..., às vezes provém do vento outras de um argumento... mas elas subtilmente se apoximam e me fazem respirar a saudade do seu murmúrio sentir, do seu aflito submergir... como um não reagir, como um sufoco aperto... um medo estremecido no olhar que se consome com o tempo e se vareja no vento que escorre lenta, profundamente, na alma do humano existente... Hoje não fujo mais dessa saudade que sinto! Acabou! Respirei fundo e gritei alto! Saudade Viva consome-te! Liberta-me! Faz-me reagir! Quero ser pássaro e ouvir o gragejar do mundo lá fora..., quero ser peixe e libertar-me na profundidade infinita das águas frias..., quero ser insecto e viver nessa terra molhada... quero sentir a água da chuva escorrer sobre mim... a tempestade como rebentar de fúria dessa natureza madura, ou amadurecida... E ... E quero ser... quero ser vivo, sempre vivo... passar por ai, por aqui... Mas agora sou homem e neste estado quero conhecer o sabor das sensações, aspirar a partilha do saber, assegurar a vontade de conhecer, produzir,... sentir a força da natureza nua que me lava a alma, que me agita de mágica energia... quero conhecer o meu dom, ou será que já mo disseram?!... sigo caminhante escutando esses ditongos de cetim brilhante transparente opaco doce... sigo.... com o fado traçado num qualquer destino alimentado... sigo percorrendo de experiência momentos singulares, transportados por sinais angulares, cruzamentos, encruzilhadas, seres... seres que me cruzam e se comigo actuam no mesmo palco, outros que o tempo não lhes permite actuar e apenas se evaporam, se escapam entre escarpas escuras, outros ainda que apenas passam e não deixam nada, simplesmente os sinto uma ventania, à sua passagem,...estes sãoseres que nem lhe toco o rosto, são seres que não fixo sequer o traço mais bem definido... passam na rua, ao vento... mas assim vou conhecendo e consumindo essa saudade... assim ando ao vento e à chuva, num mar de lama, num espelho de água... asim ando raiado pelo sol, uns dias escondido outros agressivo..., assim ando....sentindo o poder das palavras...
Estas palavras são uma recordação feliz do tempo que já foi o meu espaço de estar, um espaço onde apenas "o poder das palavras" me traduzia o que sentia. Hoje as palavras já não chegam para descrever o universo das emoções que a vida me ofereçe, são veículos do tempo, um universo de movimento...

Monday, August 14, 2006

Lisboa...



Lisboa, abraça-me!
Enche-me desse rio que te pertence e te coroa entre montes e vales,
esquinas e becos, praças e jardins...
Envolve-me nos teus bairros dos tempos antigos...


Lisboa...
Deixa-me seguir essa miragem que atravessa apoteótica o rio...
Numa ponte que um dia se chamou salazar...
Agora tomou de nome Abril,
o símbolo da liberdade...


Lisboa...
Deixa-me no teu Tejo seguir...
seguir sem destino definido...
apenas seguir...
nesse cacilheiro que emerge ao fundo nas tuas águas...


Lisboa...
deixa-me respirar esse ar no topo do teu castelo...
absorver os perfumes que as tuas árvores me oferecem...

Que saudades que tenho de Lisboa!
Lembrar Lisboa é como sonhar acordado...
Ancorar de magia o meu âmago...

Um horizonte de colinas e vales que se serpenteiam
num sol que te aquece e ilumina as gentes que por ela caminham...
Lisboa de mil amores...
Lisboa, minha Lisboa...
Lisboa...

Lisboa, Portugal, August 2005

De Olhos Fechados...


Cranfield, United Kingdom, August 2006

É dificil reconhecer o que se vê quando a escala se reduz..., quando o tempo passa e a lembrança evapora nos subúrbios da mente... Será apenas porque nos preocupamos em desenvolver demasiado a memória das palavras e esquecemos de construir uma caixa de imagens no nosso interior?... Será antes porque depressa fechamos os olhos para tudo o que nos rodeia?... Ou não queremos ver?! ... Ou não queremos lembrar?! ...Ou não queremos saber?!... Não sei! Não sei o que será...! Mas penso que é um fenómeno do tempo, um esgotamento lento da mente que se corrói com a moderna sociedade que construirmos... com ela descobrimos o micro e o nano, mas também passámos a fechar os olhos e não ver... corremos pelo mundo pensando na liberdade,... corremos..., corremos... pela vida corremos querendo ser livres, como pássaros que voam por uma atmosfera densa..., como peixes que desafiam os oceanos profundos... espaços onde o homem não chega...! Mas vivemos na prisão do tempo que destruirmos na agitação do dia, que se transforma em noite fria... E perante o absoluto espaço infinito que nos rodeia... . vivemos de olhos fechados, aprisionados no olhar das grandes coisas, na amnésia do olhar as pequenas... Vivemos numa prisão indecifrável, fechados em portas sem chave, que nem a corrosão dos dias as fazem abrir... apenas o infinito nos reserva uma esperança, uma vontade de mudança...

Saturday, August 12, 2006

Perspectiva



Cambridge, United Kingdom, August 2006

Há momentos que comparo a vida a um quadro sintético... algo fixo, imutável, nada ao qual se possa fugir,... Um destino determinado, uma sina escondida que os olhos não veem e se vai revelando, revelando... traduzindo-se no tempo que escorre, emergindo nos dias que passam e não voltam,.... Comparo-a a um arco bem desenhado, uma perspectiva imaginada, uma geometria conhecida... mas genéricamente diferente, com sombras ocultas, com uma dimensão incerta, um caminho escondido por detrás de outro arco que o olhar cruza em si... Seria estranho se tudo fosse tão simples... ou tão complexo... não sei! A incerteza comanda o pensamento do ser que se debruça sobre os desafios do oculto existir, da existência pura, da vida na sua essência desnuda... Mas perante o argumento do traço defenido, este depressa parece se desfazer como o arco sem tratamento se defaz no tempo... cada mimímetro é imperfeito, cada centímetro se corrói na erosão diária, como um momento do viver sentido...

A vida é tão complexa e tão distinta em opções, escolhas, sentidos, sensações,... que,... como este espectro fotografado se desfaz em imperfeições, se corrompe em luz de sombra escura, se esvazia e se enche de magia que se cria e se desfaz... É a vida! O encanto da arte subjectiva, o alimento num sopro momento...simplesmente a existência traçada na perspectiva vivida!

Friday, August 11, 2006

E Senti...



Jardim Amália Rodrigues, Lisboa, June 2006

... E senti o respirar neste manto de paz que o meu coração alimentou...
E senti a tranquilidade da água viva que escorre por este ribeiro...
E senti o vento corroer a saudade dessa ausência...
E senti...
Senti uma primavera viva em mim... de cheiros, de cores, de luz... e luz...
Senti que estavas agora aqui...
Senti uma magia pronfunda e eterna
Senti...
E senti...

Thursday, August 10, 2006

Ode ao Mar


Cabo Espichel, Sesimbra, July 2004

Oh mar salgado por mim amado!...
gravitas num horizante agora distante...
alimentas a saudade dos tempos dentro de mim
contróis a esperança nesse horizonte lingínquo...
que em ati avisto, por ti precisto...
fazes-me sentir vivo nesse brilhante sol que pousa em ti...
nessa claridade que cintila nas tuas águas

Oh mar salgado...!
és sede profunda em mim sentida
és fonte de razão, és fonte de vida

Oh mar salgado!...
onde andas tu, por que caminhos viajas?
de ti preciso, por ti navego nos dias de solidão!

Oh mar salgado!...
alimentas-te de rios...
agistas as tuas águas ao sabor de uma lua
às vezes presente no meu olhar,
outras dele ausente,
mas sempre presente em ti.

Tu! Mar salgado!...
és luz do amor que nasce em mim!

Wednesday, August 09, 2006

Metafora do Escuro

Sentava-me naquela madrugada húmida sobre uma escuridão incipiente e incontrolável no meio daquele espaço verde forte, livre de inclinos ou passageiros... Um silêncio controlador preenchia o meu âmago, escorpava a minha alma numa abrupta sensação de posse... Apenas ouvia o vazio do espaço, sentia um suor frio preencher o meu corpo... Nesse instante a ansiedade era muito mais forte que a tranquilidade, vivia intenso a alvorada nocturna naquela verde madrugada escura... e continuava ali sentado... olhando o meu interior num desafio à imaginação, dominando a pulsação acelerada, enfrentando a solidão oculta, o brio gelado do espaço que ocupava... E nele me deixei flutuar, em sombras de mistério me entregar entre a floresta incipiente da minha alma e a luz reflectida da lua completa, cheia, apóteótica, exuberante.... uma única estrela visivel a fazer gravitar a minha mente, a agitar o fluxo mensageiro do meu comando, imaginado o agitar das ondas do mar, a sua espuma penetrando nos poros da areia molhada... e eu ali... encontrando-me comigo num espaço livre, num espaço sem tempo... vazio.... cheio... de uma natureza sem limite... Ai libertei a minha pressão, concentrei-me apenas na estrela que cobria de luz a escuridão profunda... caminhei até ela de olhos fechados... mais pronfundo... mais profundo... entrei dentro de mim... encontrei-me... a cheia lua da noite cruzava o meu ser de magia inerte, viva em mim, mas sem movimento exterior, por isso inerte.... que magia... adormeci, fulminei... aqueci na humidade da noite, senti as gotas do orvalho escorrerem na minha pele... e caminhei naquela vertigem... eu era agora Natureza pura... a Natureza fazia parte de mim e eu dela... livre... liberto... flutuei até aquele mar sonhado... e deixei-me na sua espuma envolver....
Às vezes é necessário encontrarmo-nos com a natureza nua para nela encontrar o nosso "eu" e nele caminharmos e organizarmos os mecanismos que a natureza humana acelera dia a dia. É tão bom encontrar uma floresta nocturna, um momento de meditação, a sinfonia de uma oração, a humidade de uma noite de orvalho... Poderia chamá-la hipnóse oculta da necessidade esquecida, faz falta momentos destes no dia a dia do fluxo da vida. Experimenta reencontrar-te!

Tuesday, August 08, 2006

Temporada de Patos



caminhando pela vida, um sonho, um desafio...

respirando um mergulho de saudade...

caminhando pela vida, uma sinfonia de espaço e tempo...

sacudindo o bico com salpicos de liberdade...

voando sobre as águas, bate forte com vendo ligeiro...

Patos, Jardim Amália Rodrigues, Lisboa, June 2006

Patos que mergulham, patos que contagiam o olhar ingénuo de uma criança que sonha.... São patos, uns no lago de um jardim, outros que voam alto procurando um lugar seguro... A necessidade comanda o momento, e em certos instantes momentos patos caminham por ventos migratórios... não significa que ao esvoaçar e salpicar de gotas a criança que debruça esse olhar tranquilo... não significa que seja um mau pato... apenas a sua natureza de pato o faz ser pato e pato assim... voando por outras águas caminham como patos..., procuram climas quentes, caminham omnipotentes... são simplesmente patos!

Monday, August 07, 2006

Toca o Sino na Aldeia...


Taizé, Abril 2004

Uma agitação multicultural cercava aquele ambiente... salpicos de linguagem ao sabor do caminhar... Um tirbilhão de emoções sentidas envolvia a atmosfera daquele espaço brilhante.... sentia-se o calor da energia humana... o movimento, o movimento... cores... magia... harmonia... e uma sinfonia de passos... Naquele momento os sinos começaram a vibrar! Um silêncio absoluto e êtero inundou toda a aldeia, apenas se ouvia o tilm tão... tlim tlão... tlim tlão... um silêncio profundo, uma calma intensa, um respirar magia... toca o sino na aldeia... toca o sino na aldeia... sentindo aquela egemonia vibrante ao sabor da plateia!

Há Pessoas...

Cada vez mais tenho a certeza da necessidade de viver as experiências para adquirir a consciência das teorias que a psicologia, a sociologia, o próprio senso comum postulam... Cada experiência nova acomulada é uma cruzilhada de novos ensinamentos, uma aprendizagem ou uma fustração, um desafio ou talvez uma ilusão constante, perante aquilo que se nos apresenta pela frente. Nos últimos dias alguns flash's têm percorrido o horizonte dos meus olhos. Hoje resolvi falar da vida em comum. Não habitamos o mesmo espaço, mas temos espaços em comuns a partilhar. Não somos amigos, porque ou chegamos cedo ou tarde demais, ou somos tão parecidos ou iguais, ou tão próximos ou distantes... simplesmente talvez não façamos um esforço para tal... não tenhamos interesse... o juizo seja maior que a vontade... o preconceito antes da realidade... mas não somos inimigos, falamos, pouco mas falamos... Talvez seja a barreira da língua que nos faça ser cordiais, ou o habitarmos um espaço comum, ou até talvez o sermos educados... mas por vezes a tensão sobe... Sinto que há pessoas estranhas... não entendem o bonito que é receber os amigos à mesa, partilhar uma refeição feita com dedicação, com amor... poder cozilhá-la durante horas.. e durante outras tantas mais partilhá-la sem conhecer o fim do dia, a hora do fim... Há pessoas que não entendem o que é ter amigos, sem olhar a imagens, a mente está ainda pouco desenvolvida... São capazes de não conhecer o prazer de beber um copo de vinho, criticar a sua ingestão e nem sequer fazerem um esforço para aceitar quem o bebe... a critica está lá marcada por uma atitude, por uma expressão, por uma palavra... Há pessoas que são capazes de ser arrogantes, não falar a quem conhecem, desviar a cara e seguir em frente de nariz em pé... não tentar ser cordial com o ser presente... aquele que um dia alguém lhe apresentou... Pensarão estas pessoas ser superiores aos outros? Que atitude se esconde por traz deste comportamento? Há pessoas que são capazes de cobrar a inexistência de um lugar à mesa, com um lugar livre para se sentarem à frente dos seus olhos... Há pessoas... O que faz as pessoas serem tão insociais? O que dirige estas pessoas para um lugar tão distante perante os outros? Onde estão os valores, a educação, a cordialidade? Eu não falo de pessoas que não sabem ler nem escrever, não falo de pessoas que vivam num bairro degradado em condições precárias... falo de pessoas cujos pais pagam um curso no estrangeiro, de pessoas com um nível cultural médio/alto... Onde reside a sua essência, pergunto? Há pessoas...

Ao Fundo o Céu



Cranfield, August 2006


Entre as escarpas do verde ligeiro caminhei até cair
e nesse manto encontrei o silêncio da sua expressão...
nele naveguei, um sono profundo abracei...
nele respirei paz, uma primavera de perfumes...
nele escutei o brilho fresco dos entes ali existentes...
senti a agonia na ausência da sua magia...
e entre ansiedade e coragem desafiei o céu
levantei asas e voei...
e nesse branco, cinzento, azul....
o abracei em nuvens de algodão ancorado...
um anjo secreto, oculto, distante...
nesse céu juntos nos libertamos da pressão da ausência vivida,
no sol posto caminhamos,
na madrugada não mais nos separamos
acreditamos na magia das estrelas
e nelas acordamos a manhã.

Wednesday, August 02, 2006

Amigos...

Hoje acordei e senti a tua falta! Senti que estás longe no espaço, senti que as palavras nos faltam para alimentar o que somos... o tempo escorre no vazio da noite escura em que aqui não te encontro sei que a vida não pára. E nós....vivemos a vida separados, com coisas novas, com momentos nossos, sem partilharmos o mesmo espaço num tempo que é o mesmo, ... Esse será sempre o mesmo... afinal foi o tempo que abraçamos para caminhar pela vida... Um dia um despedir-se-á primeiro, mas apenas por uns instantes... E neste tempo que um dia abraçamos juntos, vivemos circunstâncias especiais, espaços que nos tornam a memória agora rica de história, de fantasia, de sentimentos que são nossos, meus e teus... cruzamos linhas comuns, agora essas linhas são paralelas... o espaço afastou-nos do olhar, mas cá dentro vives em mim e nesse dentro deixas a saudade corroer os poros do meu ser, a vontade de te abraçar forte e te dizer que te adoro, que estás a cada instante momento no meu pensamento e que nunca o tempo te apagará do interior mais profundo do ser que sou... Obrigado por fazeres parte do meu caminho, obrigado por existires e me fazeres sentir que em breve estaremos juntos, obrigado...
Este texto escrevi-o a pensar em todos os amigos que me são especiais, em todas as pessoas que um dia abraçaram a minha vida e com um sorriso, uma palavra ou um simples momento me fazem recordá-los.

Tuesday, August 01, 2006

Viajante dos Mares


Vem agora aqui, vem agora aqui...
Vem, vem encontrar-me...

Vem agora aqui, vem agora aqui...
Vem, vem encontrar-me...

No teu olhar secreto,
Encontro, eu a palavra...
Nesse teu olhar,
Que olho longe, apenas vejo o mar
O sonho de uma onda
Que naufraga perdida na água,
na água...
na água deste hemisfério

Vem agora aqui, vem agora aqui...
Aqui... perto de mim...
Aqui perto de mim!

Deixa-me voar até esse teu mar
Deixa-me acreditar que um dia..
Esse oceano, eu habitarei
E nele juntos encontraremos um porto seguro qualquer
Onde Deus nos embala no seu ninho de Amor

Vem agora aqui, vem agora aqui...
Aqui perto de mim,
Aqui neste oceano onde eu ando perdido...

No Lago...


Flamingos, London zoo, July 2006

Desci por horas quentes aquele espaço saturado, cheio de formigas ao sol que caminhavam, caminhavam, caminhavam por ali... formigas que se atropelavam para chegar mais depressa, para conseguir atingir o primeiro lugar, por vezes empurrando, outras sacudindo... formigas que se perdiam de vista, fulminadas por um movimento frenético,... gerações de formigas, com cores diversas, tamanhos, formas... Mas... formigas que caminham... formigas que aparentemente duas pernas apenas as faziam locomover, e assim continuei entre formigas aquele meu caminho... observando tantas formigas a nossa volta... parando por vezes para assistir ao misturar das formigas até as perder de vista... As pernas arrastaram-se, talvez o calor do tempo fosse muito desgastante, mas aquele universo de formigas perturbadas seria muito maior, muito mais intenso que qualquer raio de escaldante sol... O sol queimava a pele do corpo, pedia água ou simplesmente uma sombra húmida... amolecia o ser que sobre a sua desprotecção caminhava... mas aquele universo de formigas sem fim queimava a noção do espaço, do tempo, do sol até... desgastava até fim o pensamento... confusão que agita, confusão que estremeçe, confusão de generos e seres que se matam por um inferno manso... Era isso que eu via ali espelhado em todas aquelas formigas... não paravam, não escutavam, não sentiam, não brilhavam sequer com o sol quente que brilha no céu azul do dia que naquela ventania de formigas eu caminhava... Apenas caminhavam nuas de sentido, de razão, de oportunidade, nuas de alma perturbada.
Este caminho traveio acompanhado por alguns daqueles com quem partilho os momentos presentes. Neste caminho junto observamos o movimento da cidadania, duma cidade que já rebentou, que já explodiu, que já não alimenta a alma mas apenas a consome, no dia a dia dos que nela habitam. Até mesmo dos que por ela algum tempo passam. É uma cidade feita de formigas que quando já não conseguem encontrar o seu alimento, se comem por ai... Foi perante paisagem de flamigos, de pé alto, pescoço longo, cores brilhantes como as algas de um mar salgado... que todas estas formigas me encheram os olhos da mente... Foi no caminho que traçamos até neste espaço pararmos que as formigas nos engoliram... fazendo-me assistir ao filme dos tempos... deste tempo que vivemos agora!

Núvem


Cranfield University, July 2006


A escuridão cobria o céu, não veio ligeira, nem pediu licença, não era a noite, mas o sol parecia ter sido desviado... parecia que o negro daquela espuma andante dimensionava todo o espaço visível... um cinzento de lume sombrio, escuro, sem alma, cheio de raiva... um grito aos ventos e aos momentos do vivo ser que dela foge... que nem a vê, nem a escuta, nem nada lhe diz para além do sol ofuscar... A nuvém.... Leve penugem que caminha pelos céus... que rebenta em dias de tempestade... que esconde a luz e tras a sombra.. nuvem de algodão, bolsa de água escura... que carregas, carregas tu ?... o tempo... segues o tempo em círculos trocados... nuvém...

Árvore


Cranfield University, July 2006

Verde manto ao fundo num estreito tronco presente,
és filtro da harmonia segura,
que a um longuínquo caminho se alia,
emerge de ti para ti,
fortificando a tua mágica egemonia

Abanas-te ao sabor das nuvens,
chamas a tempestade a ti
como um movimento de fresquidão
que a secura um dia ocupou

Ultrapassas o tempo e as humanas vidas
centenária te contróis
milenar te alicerças
és macia nos teus rebentos
forte, maçica, dura...
Na tua postura

Árvore, és vida!
Representas o expoente da existência,
um tronco que é o corpo vivo
ramos que são os caminhos...
ramos e ramos...caminhos....
seguros, inseguros...
fortes e fracos...
longos e curtos...
És tudo isso!

Nalguns deles encontramos o teu fruto,
como um sinal que nos ilumina
como uma luz que sobre nós se foca!

Árvore da vida, Árvore de luz!!!
Verde, castanha, multicor...
És a vida em flor, o ar puro em ti filtrado...
A cada abraço que dou,
sinto o distante ser que um dia me abraçou.